Em Maceió, vítimas da Braskem relatam tristeza e medo de perder casas - Estadão Expresso

Como Sônia, que divide o espaço pequeno e de um único vão com o marido Cícero Pereira da Silva, 38, e três filhos, outros moradores também relatam que não têm clima para as comemorações do fim de ano diante das incertezas e do medo de perder suas casas. Ela diz que não está recebendo suporte para o fim de ano, nem da empresa e nem da Prefeitura de Maceió. “Ninguém vem aqui dar uma palavra de conforto, nem nada, entendeu? Nem reportagem está vindo mais.” A também dona de Casa Maria Bethânia da S

Os efeitos do crime ambiental da Braskem na educação de Maceió

Quem olha o cenário atual da Escola Municipal Radialista Edécio Lopes, no Pinheiro, bairro da capital alagoana, já não consegue se lembrar do tempo em que aquele espaço era dedicado a construir o futuro. O silêncio agora é o único som no local. Não há mais teto. Mato e entulho dominam o chão. As paredes, antes com cartazes que mostravam as atividades dos estudantes, estão tomadas por infiltrações e pelo lodo. O lugar que por tanto tempo foi referência para o bairro hoje afunda. O clima de incer

Ex-cotistas, advogados negros driblam exclusão e ocupam do STF ao CNJ

A advogada Allyne Andrade, 36, atuou na inclusão de ações afirmativas no CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Irapuã Santana, 35, foi assessor no STF (Supremo Tribunal Federal) e hoje preside a Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP. Já a advogada Karla Meura, 40, foi a primeira mulher negra eleita conselheira seccional da OAB no Rio Grande do Sul. Além da profissão, todos eles têm em comum a forma como chegaram à universidade: as cotas raciais. Integrantes de um segmento excludente, já que só 1

Crime ambiental da Braskem força o deslocamento de crianças em Maceió

Quando os primeiros tremores de terra foram registrados, em 2018, Alice, 10, morava com a tia Maíra Silva, 44, no Pinheiro, um dos bairros de Maceió (AL) afetados pela mineração da Braskem. Entre seu repertório de lembranças do lugar cheio de afeto antes do deslocamento forçado, ela sente falta dos colegas da escola próxima de casa, da antiga professora e dos amigos do bairro onde vivia, que, de repente, se transformou em escombros. “Na escola era onde a gente queria estar todos os dias, assist

Sem água há 2 meses, moradores de Maceió protestam: 'Crime contra a vida'

A passagem de caminhões-pipa a cada 30 minutos não soluciona os problemas dos moradores em um dos bairros com maior extensão territorial de Maceió (AL), o Cidade Universitária, com população estimada em 52.269 habitantes. Há dois meses, os moradores estão sem acesso a água encanada — e sem previsão de restabelecimento do serviço. Nas ruas estreitas com o calçamento irregular, a paisagem inclui praças arborizadas em chão de terra, muitos idosos, caixas d'água gigantes e chefes de família carrega

Em Maceió, mulher teme que auxílio menor a faça escolher quem vai comer

Um muro sem reboco pintado de branco, interrompido pelo portão de ferro. É aqui que vive Sandra Rodrigues da Silva, 41, com uma das filhas e dois netos — "as minha bença". Desempregada, ela aguardava a reportagem do TAB na segunda-feira (15) para falar de incertezas. A família teme o que virá com o fim do Bolsa Família. "Se for confiar nesse auxilio novo, piorou. Dizem que vai chegar outro cartão." A casa simples do Conjunto Cidade Sorriso I, em Benedito Bentes, na periferia de Maceió, tem pis

Negros presos com drogas são mais enquadrados por tráfico que brancos em AL

Negros presos com drogas são mais classificados por tráfico do que porte de drogas para uso pessoal, em comparação a brancos em Alagoas. Só para se ter uma ideia, dos 9.934 suspeitos da raça negra (soma de pretos e pardos, de acordo com classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE) presos por tráfico, a Polícia Civil de Alagoas (PC-AL), classifica apenas 15.96% como consumo próprio. Já dos 1.894 brancos presos por tráfico, 22% são classificados como de uso pessoal. A

Casa escavada com colher de pedreiro por idosas segue assombrando vizinhos

Quem passa pela rua A Dezesseis, no Benedito Bentes, bairro da periferia de Maceió, não consegue imaginar que um dos imóveis guarda uma história intrigante, digna de um enredo do escritor norte-americano Stephen King. Uma casa de esquina, muro alto, cimentado. Duas idosas, as irmãs: Maria Rita e Maria José, idades não informadas, que têm problemas psiquiátricos, como se tivessem algum conhecimento técnico de engenharia, escavaram com precisão durante 8 anos — usando apenas uma colher de pedreiro

'A Jamaica é aqui': em Maceió, casa de radialista é memorial a Bob Marley

Uma casa sem muro, com alto-falantes, bandeiras dos países da África em vinil, telhas nas cores do reggae, pintadas de 50 em 50 unidades quando os filhos ainda eram crianças. Coroas de bicicleta acopladas a uma cerca estampadas com os nomes de Malcolm X, Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Marcus Garvey, Desmond Tutu, Madre Tereza de Calcutá, além de frases como "Jah Live", "Jah Bless" e "Respeite para ser respeitado". Era um sábado ensolarado, perto das 10h30 da manhã, quando José Maria Ferreira B

As crianças da umbanda na terra do “Quebra”

Danças, cânticos e o batuque enérgico que vinha das mãos dos homens mais velhos. Um espaço grande, parede alta, verde, muito verde. Era a primeira vez de Neto num terreiro de umbanda. Aquele instrumento que chegou ao Brasil pelos escravos africanos dava o tom ao ritual sagrado e encantou o menino de oito anos — o atabaque passou a ser a sua ligação com as divindades. As mãozinhas pequenas se puseram a tocar e encantar todos os que estavam presentes. Começava ali uma jornada de fé e autoconhecime